"Parar é sentir a vida". Ouvi e li esta frase num curso de Análise Transacional e ressou em mim de forma estrondosa.
Andei muito tempo a correr de um lado para outro, a cumprir meticulosamente tarefas, parece que nem tinha tempo para respirar. Vivia uma vida que parecia perfeita, tinha uma boa segurança financeira, uma boa casa e blá, blá. Andava a fugir da personagem que via no espelho, é o que é.
De há uns anos para cá, tenho usufruído do contacto com a Terra Mãe, que me desperta e encanta com insigts poderosos. Penso na natureza durante o inverno. Tudo fica escuro, as árvores parecem estar mortas e as águas agitadas. Mas no seu interior acontecem transformações fascinantes. Agora na Primavera acordo com os pássaros, vejo as árvores a desabrochar, encontro calma na água e ainda luz ao entardecer.
Foi no contacto com a natureza que comecei a reinterpretar o que era estar comigo e o para quê da minha história. Reencontrei-me com o prazer do silêncio e da minha mais fiel companhia. A meditar, a ouvir os sons da natureza e como tocavam em mim.
Podemos olhar para o nosso corpo a alterar-se. A dar-nos sinais de mudança física, que têm que ver também com a maturidade molecular ou desleixo ou algo diferente como borbulhas fora da adolescência, que são marcas de alguma revolta interior, por estarmos desatentos ao nosso EU VERDADEIRO, que grita por atenção.
Assim que reaprendemos a sentir, recordamos experiências livres de filtros, da nossa tenra idade. Recuperamos energia adormecida e renascemos interiormente, com reflexo exterior reconhecido.
Deixar de fazer algo pautado pelo que alguém possa pensar ou dizer deixa de fazer-nos sentido, passa a inexistir na nossa mente. Entendemos que os outros dizem/defendem diz-lhe respeito, tem que ver com os seus próprios percursos, que nada dizem de nós ou tem que ver connosco. Passamos a sentir-nos responsáveis pelo desabrochar da nossa história, em protagonismo, a darmos voz à nossa verdade ao invés de sermos simples espetadores, a vivermos a vida que outros gostariam ou espectavam que vivêssemos. Mantemo-nos corajosos e dinâmicos, mas sem esforço. Respeitamos as nossas motivações interiores e avançamos em prazer profundo.
Na certeza que até ao último suspiro estaremos a usufruir da nossa fiel companhia, sendo que nos devemos o maior respeito e interesse profundo. Não acha estimado leitor?
Isabela Eunice