Tirem-me deste filme!

2015-04-19

Já assistiu a um exagerado sentimento de posse e ciúme? Como se sentiu?

É algo sufocante, que pode obstruir uma relação, não acha?

Verifica-se uma obsessão em possuir o “objeto do seu desejo” sem respeito algum pelo espaço do outro, as suas preferências e/ou os seus interesses arquetípicos.

Sim, a outra pessoa tem vontade própria. Pode querer estar só, numa caminhada, no ginásio ou com amigos a deitar conversa fora.

O querer frequentar palestras e cursos de desenvolvimento pessoal, que a fascinam e rejuvenescem, que a fazem crescer e reencontrar-se com a sua essência, de quem tem andado perdida. Fazendo questão de ir mesmo que o outro não aprecie. 

O vestir-se de forma fashion por apreciar estética e ter bom gosto e não pelos olhos do outro, que vai chamar a atenção dos homens e isso é que não pode ser. 

O pintar as unhas da cor que gosta e usar o penteado que bem lhe apetece, sem ter de ouvir comentários inoportunos de quem tem um "mapa reduzido" e regra segue a "manada".

Estar tranquila a bebericar um café, sem o típico telefonema controlador ou pior ainda aperceber-se que está a ser perseguida pelo outro ou na sua ausência indicou alguém para fazê-lo. Que vida triste a dele e da sua envolvente, que provoca entusiasmo em querer saber o que existe além de quatro paredes.

Ir jantar fora com um amigo especial, que a compreenda, que lhe provoque gargalhadas vitamínicas, sem ter noção do tempo a passar. É tão bom, dá-lhe  imenso prazer.

O poder despedir-se de alguém do sexo oposto com um terno e verdadeiro abraço, sem qualquer má intenção ou indicação de caso. 

O ir a um concerto com colegas de curso, sem receber um telefonema do companheiro a dizer “é só para informar que o seu filho está com febre, faça o que entender”.

Tudo o indicado são formas de tentar acorrentar o “par”, que de forma consciente ou inconsciente, tendem a limitar a sua forma natural de estar e de ser no seu estado mais puro.

Estas condutas começam por criar imensos constrangimentos a quem se sente acorrentada, com a sua psique aos berros e a sentir-se mal com as situações. As reações podem ser várias

- Fazer tudo o que o outro quer e deixar de ser ela própria, que mais cedo ou mais tarde será catastrófico. Gerará incongruência entre partes dentro de si, passando de conflito interno a externo.

- Mentir-lhe descaradamente para fazer o que gosta. O que em si também parece desaconselhável. Mais cedo ou mais tarde, a verdade vem ao de cima e recebe na cara as atitudes doentias do outro, voltando a sentir-se desrespeitada.

- Impõe os seus limites e dá conta das suas verdadeiras necessidades e o outro aceita e reconhece as suas fragilidades infantis em tranquilidade, crescendo com isso. Aproveita a oportunidade para desenvolver-se pessoalmente. 

- Pura e simplesmente sai da relação para poder respirar e ser quem é, em autenticidade e vivacidade. O outro que estagnou viu-se a ficar para trás, perdeu o comboio.

O verdadeiro amor dá asas para voar, é incondicional. Liberta e deixa espaço. Valoriza a autonomia e independência enquanto expansão pessoal e visão alargada que a outra pessoa é um ser humano e não um pássaro engaiolado.

 

Isabela Eunice


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