Modelos científicos para aferir a carreira vocacional

2020-06-01

Em termos morfogenéticos, o sistema vocacional é deveras importante e tão menosprezado, nomeadamente e intrigantemente na Psicologia Escolar Clássica, que ainda atua como se estivesse na era quantitativa, a responder a ambientes estáticos e previsíveis, a tentar encaixar as pessoas em modelos e a dizer-lhes o que devem escolher, retirando-lhes o poder do livre arbítrio, sendo que cada ser é a única autoridade que sabe reconhecer o que vibra dentro de si, o que faz com prazer e lhe faz esquecer do tempo a passar, deixando-a visivelmente em fluxo.

No que concerne às ações vocacionais, existem cinco modelos científicos, indicados infra.

(1) O Modelo de Ajustamento tanto de Holland (1997), como de Dawis (2005).  Fazia corresponder as características dos indivíduos às necessidades do trabalho. As tomadas de decisão profissionais, eram baseadas na avaliação de outrém, mostrando-se um modelo passivo e subjetivo quanto à interpretação, que dizia mais do avaliador do que do avaliado- que tem todas as respostas dentro de si, sendo a única autoridade para escolher o que vibra dentro de si. É um modelo completamente ultrapassado, além de que restringe a carreira ao papel profissional;

(2) Os Modelos Desenvolvimentistas analisam o indivíduo em contextos mutáveis e em transições ao longo da vida (Super & Knasel, 1981). Promovem uma escolha vocacional ativa, atentando a como o indivíduo se comporta em diferentes papéis e contextos (Super, 1990) e os significados que lhe atribui, permitindo assim que se conheça e desenvolva psíquicamente ao longo da vida;

(3) Modelos de Construção da Carreira. Mais que um processo de desenvolvimento, é um processo de construção de carreira (Savickas, 2002, 2005). Identificam padrões na história individual, nos contextos e papéis do indivíduo e apontam para o futuro, reinterpretando-se os significados e as representações da realidade. Guichard (2005) atribui ao indivíduo a responsabilidade de se construir a si mesmo ao longo do seu percurso, sendo o protagonista da sua história;

(4) Os Modelos Contextualistas intervêm analisando: os relacionamentos interpessoais do indivíduo e os papéis desempenhados em diferentes contextos, averiguando-se o que podem fazer para se adaptarem (Guichard & Huteau, 2001);

(5) Os Modelos de Aprendizagem Social analisam a influência dos ambientes, nos pensamentos, sentimentos e consequentemente nos comportamentos da pessoa (Bandura, 1977).  

A marca Paleta de Recursos integra o cerne das teorias de 2 a 5, em resposta à era atual- imprevisível e mutável, movimentando-as com práticas transversais (ex: ferramentas de Psicologia Analítica, Psicodrama Junguiano, Sistémica, Desenho de Carreira, PNL, Metáfora de A a B do Coaching Clássico), sempre focada nas necessidades individuais e tipos psicológicos, promovendo ao máximo o desenvolvimento total do sujeito- aquilo que se intitula na OCDE de desenvolvimento holístico ou integral, tornando cada pessoa o mais autónoma, independente e responsável para construir e desenvolver o sucesso no exercício de diferentes papéis, contribuindo para o coletivo pela diferenciação.

Isabela Oliveira


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