O que é o Coaching Profundo?

O Coaching Profundo é um modelo coerente, inspirado no corpo teórico e prático da Psicologia Analítica, que coloca os saberes em ação e ao serviço de todos. Foi desenhado por Psicoterapeutas Junguianos e dirigido a certificar Coaches (já dotados de muitas ferramentas cognitivas/comportamentais e de técnicas de PNL), para convidar o inconsciente dos clientes a participar em conjunto com o consciente, de forma a ter-se uma visão integral e holística do que é ser-se humano, proporcionando um entendimento geral e específico dos fenómenos intra, interpsíquicos e contextuais.

Tipicamente junto de coachees (Clientes de Coaching), na segunda fase da vida, após atingirem os resultados delineados, diziam ainda faltar algo, expressavam sentir um vazio inexplicável. Precisavam de mais ferramentas, sendo que nada tinha que ver com trabalho clínico, mas sim com um processo de desenvolvimento psicológico mais profundo, que toca na necessidade humana de transcender-se, ligando-se a algo maior.

Carl Gustav Jung identificou claramente o desassossego supramencionado, sendo que estudou profundamente o processo de condicionamento do sujeito na primeira fase da vida, pela sua envolvente (familiar, educativa e cultural), que o leva a atingir os estereótipos de realização (pessoal, profissional e afetiva). Contudo, após atingir o suposto, verifica estar aquém quanto ao nível de satisfação e no que concerne ao sentido que imaginava/almejava. A este processo, Jung chamou de individuação, um "convite interno para o sujeito sair do estado infantil de identificação com o coletivo, e diferenciar-se, tornando-se em si próprio, o mais completo possível, o mais autoconsciente que seja capaz e distinto das outras pessoas e do coletivo, apesar de em relação com os outros", sendo que é na relação com os outros que descobrimos coisas em nós. 

Trata-se de irmos além do que fomos condicionado a desejar, libertando-nos da "conserva cultural" e das expetativas externas. É um processo de vivência moral, de desenvolvimento da personalidade que nos conduz dos níveis mais básicos de consciência (sobrevivência) para um estado de transformação, sendo o nível mais elevado deste modelo, fazermos a diferença, colocando os nossos dons ao serviço do coletivo, sendo que o resultado vai além do nosso bem pessoal. 

O Coaching Profundo é assim um processo que torna as pessoas mais completas (plenas) ao invés de “perfeitas” (função do coaching mais tradicional, que convida o indivíduo a ser melhor, contudo esquece o passado (que molda a personalidade e o presente), ignorando também o processo de individuação.

Jung identificou o inconsciente repleto de recursos e criou técnicas que promovem o diálogo entre consciente e inconsciente. O coaching profundo traz ferramentas novas, transformadoras e eficazes, nomeadamente o Psicodrama Junguiano e o Mapeamento da Psique.

O pensamento consciente, racional e dirigido é insuficiente para abarcar a totalidade psíquica, precisamos de convidar também o pensamento simbólico/inconsciente que obedece ao hemisfério direito do cérebro, criativo e infinito em informações e possibilidades

Outro foco do coaching profundo é o tema da identidade, da resposta à questão "Quem eu sou?" Um continuum entre quem fomos, condicionando quem somos inconscientemente, que molda quem somos conscientemente e quem queremos ser no futuro, que deve estar alinhado com os nossos valores nucleares, para que sejamos coesos, plausíveis, autênticos e realizados.

Os tipos psicológicos são outra ferramenta da Psicologia Analítica, que permite identificar as apetências por determinado tipo e compreender a dinâmica psicológica dentro do indivíduo, trabalhando-se com as suas habilidades e até conscientizá-lo da sua missão e lugar na sociedade. Criam-se bases para os níveis mais elevados da existência, como: o nível de pertença aos grupos, como contribuimos e interagimos com eles e o nível das questões transcendentes, em que se explora a relação com o transpessoal, com o universo, a razão pela qual existimos e como queremos deixar a nossa marca no mundo, como queremos contribuir.

Há assim um diálogo permanente entre o ego (o motorista) e o self (quem sabe o caminho e destino, diferente dos caminhos conhecidos). Sem ligação ao self, o indivíduo experimenta vazio, desorientação e medo. Neste eixo, o ego é o que quero e o self é o que preciso, por vezes querem coisas diferentes, sendo necessário resolver essa dualidade, esse conflito entre o prazer imediato no fora, sem medir-se as consequências e o prazer a médio e longo prazo, que nos faz mover sem medos e sem inseguranças, evitando frustações e dores desnecessárias.

Isabela Eunice


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