O que são as designadas crenças?

2018-07-19

As crenças são estruturas mentais muito rígidas, criadas inconscientemente e tipicamente nos dois primeiros contextos de vida, o familiar e/ou o escolar. Quando muito enraizadas, condicionam o autoconhecimento e criam resistência à mudança e ao desenvolvimento, indo contra o que é natural. 

As crenças compõem tudo aquilo em que se acredita, sem questionamento, mesmo que profundamente irracional, como por exemplo, a supremacia de determinada raça e a inexistência do inconsciente. As crenças moldam os pensamentos, as emoções e a quimíca no sangue, até que se tornam sintomas, quando levadas ao extremo. 

Em questionário desenvolvido por Psicoterapeutas Junguianos, identificam-se 4 crenças primárias, conforme infra, cujo objetivo é tomar-se consciência de ter a(s) crença(s), aprender a relacionar-se com a(s) mesma(s) e mudar-se se estiver a limitar, integrando-se crenças saudáveis via exercício de imaginação ativa. Passa-se a domar os dragões pessoais, ao invés de ser-se domado(a) por eles.

1- "Eu não sou especial" / "Eu não existo se não for diferente". Relaciona-se com a existência. Faz com que inconscientemente a Pessoa que tenha essa crença, anseie por reconhecimento, intitulando-se como sendo a melhor/excecional/única. Em extremo, torna-se patética, banal, desinteressante, invisível ou perigosa. 

2- "Eu não sou competente". Refere-se ao fazer ou não conseguir fazer. Criando inconscientemente uma Persona que se assume imprescindível e necessária, fazendo pelos outros o que estes são perfeitamente capazes de fazer. Muito identificada com a crença, assume-se como sendo uma pessoa incompetente, inconsistente, fracassada ou inútil.

3- "Eu estou errado" ou "Eu não sei". Tem que ver com o saber e a capacidade de pensar. Cria uma Persona compensatória que "sabe sempre tudo, tem sempre razão", leu tudo o que existe nessa área ou fez muitos cursos profissionais ou académicos. Em extremo mostra-se confusa e incompreensível.

4- "Eu não tenho valor pessoal" ou "Eu sou mau". Compensa mostrando-se a pessoa infinitamente boazinha. Em excesso, apresenta-se fria, cruel, desumana, insensível e distante.

As crenças habitam na profundidade da mente. Uma coisa é o que as pessoas tipicamente dizem (verbal, não verbal e paraverbal), outra é o que fazem e outra é o que valorizam intrínsecamente.

Isabela Eunice

(Núcleo Português de Estudos Junguianos, 2015)

 


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